05 agosto 2014

Sorte ou Azar? - Capítulo 22 #Day66


Meu joelho estava bem machucado, mas não o desloquei. O médico disse que o hematoma provavelmente ia até o osso, mas que iria sumir. Um dia. Mais ou menos, eu esperava, como aconteceria com minha lembrança do que havia acontecido naquela noite no caramanchão. 
Bem, não todas as lembranças daquela noite, claro. 
Quando voltei à Encantos, para agradecer a Lisa por tudo que ela havia feito por mim e contar o que havia acontecido – por exemplo, o motivo pelo qual eu estava usando muletas –, ela sorriu e disse: 
- Então. Você fez. 
Não precisei perguntar o que ela queria dizer. 
- É. Fiz. 
Ela mandou que eu dormisse com lavanda embaixo do travesseiro. Isso iria adoçar meus sonhos. 
Não adoçou. 
Mas definitivamente fez a roupa de cama cheirar melhor. 
O que ajudou, na verdade, foi o tempo. O tempo e, claro, os amigos. 
Tia Jennifer e tio Brad ficaram horrorizados ao saber o que Miley havia feito comigo. Mas ela ainda era filha deles e, bem, eles precisavam defendê-la. 
Mesmo que ela fosse totalmente maluca. 
Eu podia entender. E não era como se ela tivesse tentado me matar. 
Tenho quase certeza. 
Miley só pretendia tomar algumas gotas do meu sangue, absorver o que quer que ela estava tão convencida de que eu havia herdado e ela não, me obrigar a beber alguma poção nojenta feita com cogumelos tirados de uma lápide, e depois me soltar. 
Pelo menos foi o que ela disse aos pais que teria acontecido, se Joe não tivesse intervindo. 
Acho que acredito. Quero dizer, é a mesma história que Emily e Chelsea contaram aos pais DELA. 
Mas elas, claro, dificilmente admitiriam que tinham sido cúmplices de uma tentativa de assassinato.
Verdade: a única dúvida que eu tinha em relação a coisa toda era... bem, a que apresentei ao Joe no dia seguinte. Eu havia chegado do consultório médico e estava com um saco de gelo no joelho, sentada diante da TV, enquanto o senhor e a senhora Pitt iam aos terapeutas de Miley... com Miley, claro.

A dúvida era: como ele ficou sabendo? O que estava acontecendo no caramanchão? 
- Eu estava acordado. Não conseguia dormir. – Ele me lançou um sorriso torto. – Acho que você sabe por quê. 
- Aquele boneco era de Miley – falei pelo que parecia a milionésima vez – e não... 
- ... seu. Eu sei. Chelsea disse isso ontem à noite, lembra? De qualquer modo, eu estava acordado e... não lembro exatamente. Ah, ouvi um gato chorando. Devia ser Mouche... 
- Era. 
Mouche estava em segurança com Ashley, que não ficou sabendo que sua gata amada havia sido usada de modo tão perigoso. 
- Certo. Bem, foi então que olhei pela janela e percebi as luzes no caramanchão. E só achei... esquisito. Você sabe, as velas acesas. E também que Mouche estivesse do lado de fora tão tarde. Por isso desci e pulei o muro para dar uma olhada. Enquanto me aproximava, escutei aquelas maluquices que Miley estava falando com você. Então entrei e vi... bem, você sabe o que eu vi. 
Confirmei com a cabeça. É. Eu sabia o que ele tinha visto. 
E também o que tinha ouvido. 
Mouche, é. Mas também eu. Ele me ouviu
Ele não sabia. Provavelmente nunca saberia. Mas tudo bem. 
Por enquanto. 
- Mas se você sabia que o boneco não era meu, o tempo todo, porque não disse nada? Quero dizer, no baile? 
- Você foi embora tão depressa, como é que eu poderia? Tentei passar aqui mais tarde, mas Petra disse que você estava dormindo. De qualquer modo, eu sabia que você não tinha feito o boneco porque conheço você. Você sempre conta a verdade... bom, a não ser por aquela mentirinha de ter comprado o livro para o aniversário de sua irmã Dallas. – Fiquei vermelha, espero que de um modo bonito. Mas mesmo assim... – E que você acabou confessando. Admitiu que fez o boneco do Dylan, e era fácil ver que os dois bonecos não tinham sido feitos pela mesma pessoa. 
Espero que sim. Afinal, eu tirei dez em costura na sétima série. Ao passo que o boneco feito por Miley... bem, dava para ver que era feito por alguém que nunca havia costurado nem um pegador de panelas.

- Por isso eu sabia que você não tinha tentado fazer um feitiço de amor para mim usando um boneco idiota – continuou Joe. – Mas... bom, mais cedo naquele dia eu encontrei um negócio esquisito na minha mochila...
E tirou do bolso dos jeans o saquinho que Lisa havia feito para mim. 
- Isso é para proteção – expliquei. – Eu estava preocupada com a hipótese de Miley fazer alguma coisa contra você. Você deve ficar com isso, para que nada de ruim lhe aconteça. 
Ele olhou para o saquinho e assentiu. 
- Suspeitei de algo assim – ele recolocou o sachê no bolso. – Mas não tinha certeza. Então percebi o que ele queria dizer. 
- Espera... você não achou que era uma poção do amor, ou algo do tipo, achou? – perguntei ficando totalmente vermelha. 
- Bom. Eu estava mesmo tendo dificuldade para tirar você da minha cabeça. Por isso me passou pela mente que talvez... 
- Joe! – gritei sentando-me. E machucando o joelho. – Eu nunca... eu já disse, aprendi minha lição com o Dylan! Nunca, nunca mais vou fazer nenhum feitiço de amor enquanto viver. 
- Eu sei – ele riu. – Eu me apaixonei por você muito antes de você ter a chance de me enfeitiçar. Foi quando falou "nunca estive em Long Island"
Não consegui esconder um enorme riso pateta. 
- Me apaixonei por você no "eu gosto de focas" – admiti. 
Ele riu de volta. 
- E, de qualquer modo – continuou ele –, você sabe que eu não acredito nessa bobagem de bruxaria. Já falei isso. 
- Sei que não acredita. Mas você tem de admitir... – Como é que eu poderia dizer? – O negócio com o Dylan... 
- Você mesma disse. Ele era um cara preparado para se apaixonar e você apareceu na hora certa. 
- É. Mas como explicar eu ter empurrado você do caminho do mensageiro de bicicleta? 
- A mesma coisa. Lugar certo, hora errada. 
- E ontem a noite? Joe, como você ao menos pode começar a explicar a noite passada? 
- Que parte? A parte em que sua prima psicopata tentou tirar seu sangue para herdar um pouco da magia da sua avó morta? Ou a parte em que salvei você?

- A segunda parte. Como você sabia que deveria olhar pela janela naquela hora? 
- Eu disse. Ouvi a gata de Ashley. 
A gata? Ou eu? 
Ou... Branwen? 
- De qualquer modo – Joe deu de ombros –, agora estamos quites, você sabe. Não lhe devo mais servidão eterna. Você me salvou de ser atropelado por uma bicicleta e agora eu salvei você de sua prima psicótica. E, por falar em psicótica, o que aconteceu com o tal do Dylan, afinal? 
- Os Pitt o puseram num avião de volta para Iowa hoje cedo – suspirei. 
Percebi que jamais conseguiria fazer com que Joe admitisse a existência de algo como magia. Ah, bem. Ele acabaria descobrindo sozinho. Pelo menos se ficasse perto de mim por tempo suficiente. Disso eu não tinha dúvida. 
- Meus tios descobriram que ele estava hospedado no Waldorf. Miley usou um cartão de crédito deles para pagar um quarto, sem falar da passagem de avião. Ele gastou quinhentos dólares só em serviço de quarto e pay-per-view. 
- Uau. Sem dúvida você sabe escolher. 
Joguei uma almofada do sofá em cima dele. Joe pegou-a rindo e disse: 
- Você deve estar se sentindo melhor. 
Em seguida se acomodou no sofá perto de mim, tendo cuidado com meu joelho machucado, e se inclinou até estar com o rosto a uns dois centímetros do meu. 
- Ei, Demi – disse ele, muito mais baixinho. 
Olhei para os lábios de Joe, e de volta para seus olhos. 
- Sim? 
- Tenho a sensação – ele começou a olhar para os meus lábios também – de que ninguém mais vai chamar você de Jinx. Acho que de agora em diante sua sorte vai mudar. 
E então me beijou. 

É estranho, mas Joe estava certo. Com relação à minha sorte mudar. Na verdade, já havia mudado desde que Joe se apaixonou por mim... Mas eu só soube disso depois que ele me beijou a primeira vez.
Mas tiveram mais coisas também... Por exemplo: aquela bolsa da escola Chapman, da qual Joe me falou.
Bom, eu fiz o teste. 
E ganhei. 
Em seguida, claro, houve a parte incômoda... perguntar a tia Jennifer e tio Brad se eu podia ficar com eles durante o próximo ano letivo.

Mas pelo modo como eles reagiram, ficou claro que nunca haviam pensado que eu ao menos pudesse querer voltar a Hancock. Agora eu fazia parte da família – da família deles – e podia ficar o quanto quisesse.
Isso talvez se devesse ao fato de que, no fim das contas, foi Miley que partiu... para um internato militar, onde passou o resto do segundo ano do ensino médio, além das férias de verão. E então, quando voltou – o cabelo tingido de preto havia sumido e os pêlos curtos e novos de seu louro natural cobriam a cabeça dela como a penugem de um pintintinho –, seus pais tinham uma surpresa: haviam feito a inscrição dela num colégio interno "especial", em vez da Chapman, para o ano seguinte. 
E ainda que Miley os tivesse acusado de mandá-la para o colégio militar, isso não era verdade. De jeito nenhum. A escola para onde a mandaram era um lugar lindo na área rural de Iowa – imagine só –, onde os alunos faziam coisas como cuidar de uma fazenda, caminhadas e basicamente desafiarem a si mesmos como nunca haviam feito antes. Em outras palavras... 
Aprendiam a abraçar seus temores. 
Todos os dias. 
Não foi fácil para tia Jennifer e tio Brad mandá-la para lá. Mas, como disse minha tia, ela precisava se preocupar com Braddy e Ashley, e não achava que Miley fosse exatamente o melhor modelo de comportamento no mundo, para eles. 
E sabe o que era bom com relação ao lugar onde haviam mandado Miley? Ela podia ficar com a minha família nos fins de semana. 
Isso mesmo. Miley ia visitar Hancock todo sábado e domingo, e ver como era ser filha de uma pastora, e pagar a própria língua. 
Segundo Taylor, para quem Miley escrevia ocasionalmente, Miley achou a vida na minha casa mais difícil ainda do que no colégio militar. 
Mas havia uma pessoa para consolá-la no sofrimento. 
Com Dylan vindo todos os fins de semana da Universidade Estadual de Iowa, e Miley lá em Hancock todo fim de semana, bem... acho que era natural que o amor florescesse.

Pelo menos se der para acreditar no último e-mail de Dallas – reclamando que Dylan e Miley vivem levando bronca de mamãe porque ficam se agarrando na sala de TV. 
E, apesar do que Joe pudesse pensar, não tive nada a ver com isso. Afinal de contas, tinha prometido a Joe que não faria feitiços de amor. 
E falei sério. Porque o amor melhor e mais duradouro tem magia própria, e não precisa da ajuda de nenhum feitiço. 
Joe também estava certo com relação a outra coisa: 
Agora ninguém me chama de Jinx. É só Demi. A simples e velha Demi. 
E eu gosto.

FIM!

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Acabou, o que acharam do fim? Da fic? Do último cap?
Espero que tenham gostado, tributos. Deixo vocês com o trecho escolhido para o último cap:
"This is real. This is me. I'm exactly where i'm supposed to be now" ♪

Em breve Inspiration estará de volta! Vou só esperar sair a crítica.
Sim, eu criei vergonha na cara e enviei a fic, que eu estava com medo de enviar, mas creio que sendo bons ou ruins, os comentários serão comentários construtivos, então superei o medo e o nervosismo e mandei. Quando a crítica sair já começo com a segunda temporada, mas antes postarei um resumo completo da primeira, como se fosse um "anteriormente", esse post pode vir antes da crítica.

~See Ya :*


4 comentários:

  1. Olá Tatii!
    A crítica à fanfic vai demorar um pouco porque é grande mas não irei demorar mais de duas semanas.

    Bjs :)

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    1. Oláa (:
      Ahtah, tudo bem, não tem problema. Obrigada pela atenção <3

      Bjs

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  2. Aêêêêêê !!! Inspiration vai voltar ! *---*
    Desculpa eu estar sumida por aqui, mas não consigo acompanhar adaptações :( , mas é apenas por isso ! Estou sempre lendo seus posts sobre resenhas e estou muuuuito ansiosa pela segunda temp! O que será trará a nós?

    xoxo
    miss yaa

    wishimay-wishimight.blogspot.com

    -T.

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    1. Annaaaaaa *--*
      Fiquei meio desesperada quando tentei entrar no seu blog e não tinha mais, ai fui procurar seu usuário e estava como inexistente Oo haha'
      Espero que goste dessa nova fase de Inspiration (:
      Ah, tudo bem (: Fico muito feliz em saber isso, espero que esteja gostando.
      Pretendo trazer muitas surpresas, espero que você goste ♥

      Miss ya too!
      Xoxo

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